Wednesday, September 15, 2004

Mandato-tampão

Ocorre quando o titular, o eleito, o legitimado abandona o seu lugar pura e simplesmente. Acabou. Não dá mais. Não consigo! É estafa. A culpa não é sua, meu bem, é minha. Chega. Ou nada disso, simplesmente o silêncio puro, doloroso e indefinível que só a ausência plena é capaz de produzir.

No lugar do titular, do eleito, do legitimado, o mandatário-tamponador. Lá vem ele, que ficou em segundo. Que não era favorito. Que restou pelas rebarbas. Lá vai ele ocupar o lugar que almejou desde sempre.

E para quê?

Para preencher o vazio do silêncio - puro, doloroso e indefinível - deixado pela ausência plena. Para responsabilizar-se pelas pendências que ficaram. Para distrair a mente e o corpo (principalmente o corpo) do mandante, frente ao silêncio puro, doloroso e indefinível que a ausência plena do titular, do eleito, do legitimado. Do querido. Do desejado. Que se foi.

Para ser descartado, ao final do processo de cura. Como sói ocorrer a todo curativo.

Já executei mandato-tampão. E quem não?

Mas não é bom.

Toda honra e toda a glória ao Pelúcio, que *deu nome aos bois*, associando o nome ao conteúdo, e que não costuma se valer do expediente supracitado.