Tuesday, December 28, 2004

Monstro de Olhos Verdes

Green-eyed
"I'm The Green-Eyed one and I want it all."

Nunca importa o quanto me afaste, você sempre volta. Incomoda. Perturba. Não quero você aqui, não vou lhe alimentar. Mas você não se deixa ignorar. Conhece de há muito todas as pequenas atrocidades, as baixezas, as vilezas da alma humana. Sempre encontra uma brecha e por ela se esgueira, como fumaça fétida. Passa sua monstruosa compleição por frestas infinitesimais, à moda das baratas. Como elas, para você tudo é alimento, tanto o novo como o pútrido. Remói meus pecadilhos e pequenas atrocidades, eu sinto seus dentes afiados triturando minhas entranhas sabendo que toda a dor me é devida, pois nada disso seria se não permitisse essas fraquezas, se as erradicasse permanentemente.

Tão malditamente humana, tenho raiva de quem me machucou. Irrita-me o êxito daqueles que me prejudicaram. Tanta onipotência, como se me coubesse julgar a quem cabem os ônus e os bônus. Sei que não. Sei, mas não sinto. Não há espaço, o que sente em mim está obliterado pela raiva cega.

E você se banqueteia, enquanto tateio em busca da saída. Do escape. Do ralo por onde escorrerá toda essa imundície.

Green-eyed monster
"Gotcha. You can't run. You can't hide."