Tuesday, August 10, 2004

Ato de desagravo ao Dia dos Pais

Todo mundo escrevendo sobre o Dia dos Pais, assim, in capital letters, fica difícil resistir.

O meu pai me chamava de Menina Bujão de Gás, graças ao meu físico desde então denunciador do sangue 100% italiano herdado dele mesmo. Quando ele vinha chegando do trabalho eu me escondia (sempre no mesmo lugar) somente para ter o gostinho de ouvi-lo chamar "cadê a Menina Bujão de Gáás?". Sequer imaginava que mais tarde ia andar me assombrando nas madrugadas laboratícias (como esta) passadas na casa paterna, perguntando por que diabos não como uma ma-ÇÃÃ. Nada importava. Era então a Menina Bujão de Gás nos seus braços extremamente fortes e assim protegida me sentia estranhamente livre, como se o mundo pudesse ser meu.
Ele bem que se esforçou. No meu pedantismo infantil, queria brincar de professora com aquele homem que já trabalhara bem mais de oito horas. Ele sentava no banquinho e se dispunha a bancar o aluno para a fofura rosada de cabelos castanhos. Foi assim que aprendi a ler aos três anos, o que me franqueou acesso a uma percepção inesperada da realidade. Ficava troncho de orgulho e seus olhos brilhavam com meus êxitos. Eu era a filha mais feiosa, mas ainda assim era a Favorita do Papai, a Menina daqueles Olhos esverdeados.
Dessa forma, ele me ensinou o mais importante: é preciso encantar.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Ton Pelúcio...é...e por isso mesmo ele cobra de vc certas coisas...ser a preferida tem seu ônus... e vc encanta! Preferida do "Titio"...

9:33 AM  
Anonymous Anonymous said...

Oi, Belly, só um oi rapidim pra agradecer ao gentil comentário lá no Zeno.
Besos.

4:58 PM  

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