Thursday, October 14, 2004

Penélope protesta

Pois não é que ontem chegou lá em casa uma intrusa? Metida a besta e cheia de empáfia. Eu bem faceira, dando as boas vindas e oferecendo a barriga para carinhos - luxo para poucos, estão pensando o quê? - e a ingrata dessa mulher me traz uma caixa com a baranga. Toda arreganhada, fazendo cara feia para tudo. Isso que tinha feito xixi na caixa, a porca. Mas não estava nem aí. Fui lá conferir o que diabos que se passava no *meu* cantinho e a bisca só rosnando e mostrando os dentes. Eu, hein. Educação vem de berço, minha filha.

Ah. Depois a fina se entocou atrás do móvel da sala e ficou lá, acuando a gente, no melhor estilo Marlene Dietrich. Não chega aos pés do Anjo Azul, querida. Vai sonhando. E lá ia a mulher fazer carinhos e tentar pegar a casca-grossa no colo. Pfffff. Tomou um monte de unhadas e mordidas, ficou com a mão em carne viva, prontinha para consumo. Imagiiina, se eu faço isso, a hipócrita sacripanta me joga longe, mas como é a intrusa metidinha, ah não, é só no amorrr. Ninguém merece, viu.

Para arrematar, a antipática imunda fez suas necessidades sólidas atrás do móvel e deitou em cima (!). Ficou com toda aquela caca grudada no pêlo. Lá se foi a bobalhona da mulher limpar a mocréia. Tomou outra surra, sangravam-lhe os polegares. Quase fiquei com pena. Eu disse *quase*, porque ela merece, viu. Merece. É muita ingratidão.

Já estou melhor. Não dá para se deixar abater por essas coisas vis.
Acordei a mulher hoje cedo olhando bem séria para a cara dela: "got lotion, benzinho?" E deixei por isso mesmo.
Sou uma lady. O povo sabe.

Hmpf.

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