Boys don't cry. Monsters do.
Monster, um filme com Charlize Theron embruxada e Christina Ricci numa variação do lay-out da Família Addams. O plot de Monster já é deveras conhecido: os crimes cometidos por Aileen Wuornos, considerada a primeira serial killer da história policial norte-americana recente.
Serial killer, por definição, é um ser em estado psicótico - não sente culpa e não é atingido por recriminações externas quanto às conseqüências de suas ações - que cede à pulsão do prazer de matar alguém. Declarar com base no que é mostrado no filme que Aileen Wuornos matava pessoas por prazer, sem culpa, é um tanto quanto forçado. Mas enfim.
Ambientando a ação no começo dos anos 80, temos a magnífica cena no rinque de patinação, ao som de Don't Stop Believin', do Journey, juntamente com os carros e os modelitos calças jeans unissex e camisetas com estampas de praia. Época bastante próxima ao do episódio envolvendo Teena Brandon, que assumiu persona masculina invertendo a ordem do nome e foi vítima de intensa intolerância social, para não chamar de sacanagem mesmo, quando descoberta.
São muitas as semelhanças entre Monster e Boys don't cry. A atriz principal oscarizada, após sofrer intensa modificação na sua persona, para adequá-la ao exigido pelo papel (embora as alterações impostas a Hilary Swank em Boys don't cry tenham sido muito mais sutis e, por isso mesmo, mais devastadoras); o intenso repúdio ao homossexualismo feminino e a associação do amor entre mulheres à tragédia - ao passo que o amor entre homens é vinculado à alegria (*gays*, *rapaz alegre*); a mensagem bastante explícita de que entre mulheres as coisas sempre acabam mal e que uma delas, normalmente tida como a *femme* da história, vai pular fora e deixar a *butch* sozinha e abandonada ao seu calvário, que culminará na morte. E, que estranho! nos filmes em que há casais de homens, a tônica hollywoodiana é o amor à toda prova, o companheirismo acima de tudo (vide Philadelphia), no matter what.
Existe todo um folclore de que o amor entre mulheres é dramático, cheio de brigas, muito puxão de cabelo, gritos e agressões de toda sorte. Mesmo que seja assim, não consigo acreditar que as histórias entre mulheres sejam TODAS fadadas ao mais retumbante e redundante fracasso. Ou, por outra, não consigo é aceitar que a falta de pênis seja algo assim, tão desgraçante - à *butch* é imposta a pena capital; à *femme* é ofertada a remissão dos pecados e a ressurreição da carne através da cópula "correta" com um indivíduo dotado de pênis (não importa quão insignificante sejam, o incauto e seu piupiu).
Oh puxa. Como é triste não ter pênis.
Só para constar: nada contra pênis. Pelo contrário. Eu não gosto é de hipocrisia.
Serial killer, por definição, é um ser em estado psicótico - não sente culpa e não é atingido por recriminações externas quanto às conseqüências de suas ações - que cede à pulsão do prazer de matar alguém. Declarar com base no que é mostrado no filme que Aileen Wuornos matava pessoas por prazer, sem culpa, é um tanto quanto forçado. Mas enfim.
Ambientando a ação no começo dos anos 80, temos a magnífica cena no rinque de patinação, ao som de Don't Stop Believin', do Journey, juntamente com os carros e os modelitos calças jeans unissex e camisetas com estampas de praia. Época bastante próxima ao do episódio envolvendo Teena Brandon, que assumiu persona masculina invertendo a ordem do nome e foi vítima de intensa intolerância social, para não chamar de sacanagem mesmo, quando descoberta.
São muitas as semelhanças entre Monster e Boys don't cry. A atriz principal oscarizada, após sofrer intensa modificação na sua persona, para adequá-la ao exigido pelo papel (embora as alterações impostas a Hilary Swank em Boys don't cry tenham sido muito mais sutis e, por isso mesmo, mais devastadoras); o intenso repúdio ao homossexualismo feminino e a associação do amor entre mulheres à tragédia - ao passo que o amor entre homens é vinculado à alegria (*gays*, *rapaz alegre*); a mensagem bastante explícita de que entre mulheres as coisas sempre acabam mal e que uma delas, normalmente tida como a *femme* da história, vai pular fora e deixar a *butch* sozinha e abandonada ao seu calvário, que culminará na morte. E, que estranho! nos filmes em que há casais de homens, a tônica hollywoodiana é o amor à toda prova, o companheirismo acima de tudo (vide Philadelphia), no matter what.
Existe todo um folclore de que o amor entre mulheres é dramático, cheio de brigas, muito puxão de cabelo, gritos e agressões de toda sorte. Mesmo que seja assim, não consigo acreditar que as histórias entre mulheres sejam TODAS fadadas ao mais retumbante e redundante fracasso. Ou, por outra, não consigo é aceitar que a falta de pênis seja algo assim, tão desgraçante - à *butch* é imposta a pena capital; à *femme* é ofertada a remissão dos pecados e a ressurreição da carne através da cópula "correta" com um indivíduo dotado de pênis (não importa quão insignificante sejam, o incauto e seu piupiu).
Oh puxa. Como é triste não ter pênis.
Só para constar: nada contra pênis. Pelo contrário. Eu não gosto é de hipocrisia.
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