Friday, December 31, 2004

Pomo D'Oro

Tomato

(Depoimento sobre o pomo d'oro, por Dottore Nino, mi papá. Parla, papá!)

Nino -->
O tomate? Hmmm. O tomate é nativo da América e contribuiu decisivamente para que tivéssemos a pizza e o molho de macarrão. Sem o tomate, essas comidas não teriam apetite, paladar. Não seriam NADA. Além disso, a massa de tomate integra a receita do Bloody Mary. O tomate contém vitamina C e licopeno, e só faz bem. É uma fruta tão bonita e tão apetitosa que, nos Estados Unidos, serve como comparativo de beleza feminina.

Belly --> E por que "Pomo D'Oro"?

Nino --> O tomate é o pomo d'oro não por causa da cor, mas pelo seu valor. Conta a mitologia grega que os Argonautas dirigiram-se ao Jardim das Hespérides (ou Hésperides?) apenas para colher as maçãs de ouro que lá frutificavam. Chegando o tomate à Europa e à Itália, o povo italiano conheceu-o, provou-o e concluiu que, se o pomo de ouro existia, só poderia ser aquilo.


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O tomate é fruta vermelha e sumarenta (e versatilíssima) que ocupa dez entre dez corações Oriundi pelo mundo afora. Em cada cuore frutifica um tomateiro, não tenha dúvidas.

Os 'taliani perdidos pelo mundo em decorrência das sucessivas diásporas desencadeadas por fome, guerra e totalitarismo levaram impresso no DNA o inabalável amor pelo tomate.

O tomate surgiu na América. Foi encontrado nos países da costa do Oceano Pacífico, do Peru ao México. O nome "tomate" deriva do asteca tomatl.

Navegadores espanhóis levaram o tomate para a Europa. Ninguém gostou num primeiro momento. No século XVII, um cozinheiro italiano da cidade de Nápoles misturou rodelas de tomate com salada de alface, dentes de alho e azeite, criando a salada-de-tomate-e-alface sem a qual um Oriundi não vive.

Já não mais frutti non grati, iniciaram-se as experiências. Fritar tomate (verde ou maduro) no óleo, na manteiga, com alho, com manjericão, com orégano. Misturar isso com a pasta.
Diz a lenda que a pizza surgiu de um acidente: também por volta do século XVII, uma rajada de vento teria feito com que os tomates e temperos que estavam guardados em prateleiras abertas de uma cozinha napolitana caíssem em cima do pão que tinha sido assado. Sem ter o que comer, senão o pão involutariamente temperado, a famiglia sentou-se à mesa. O ressabio inicial foi substituído por entusiasmo quando constataram quão gostoso era o pão com os temperos. Daí para a pizza com bastante azeite de oliva, cebolas, tomates, pimentões, aliches, manjericão, orégano e muuuito queijo foi um passo.

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Mas qual a relação entre o pomo d'oro e o Ano Novo?

Estou lendo 'A Vendeta', um romance policial bem gostosinho, da Oriundi Lisa Scottoline. O título já diz: o plot tem muita oriundice. Entre elas, uma sub-história, algo patética, algo feita para proporcionar o choro fácil que vemos nas produções hollywoodianas - e que eu gostei!
Um dos personagens, quando jovem, apaixonou-se por uma moça que supostamente seria inatingível. Para demonstrar seu amor, colhia o mais belo tomate, enrolava em seu lenço branco, muito limpo e engomado, encilhava o cavalo, percorria diversos quilômetros e deixava o presente na soleira da porta dela. Dia após dia, depois de encerrar a exaustiva lida campeira, lá ia ele entregar o viçoso tomate, muito vermelho, delicioso e delicado, como seu próprio coração. Houve o dia em que ele também ganhou um presente, deixado na soleira de sua porta, enrolado em um lenço muito alvo e cheirando a sabão (Oriundis adoram coisas muito limpas e esfregadas). Era o mais perfeito tomate jamais visto. Ele tomou a preciosidade das mãos, coração agitado, e comeu, sentindo pela primeira vez que o Mundo era um lugar bom.

Não, eu não mandei tomates para ninguém. Nem vou finalizar com alguma coisa piegas, do tipo morda-um-tomate-e-estarei-te-beijando,-oh!

Há tanta poesia nas coisas simples. Um tomate pode ser uma declaração de amor. Um tomate pode salvar a sua vida.

Claro que é muito agradável um armário recheado. Porém continuo pensando que o que melhor cobre o corpo são as mãos de quem se ama.

E o amor, folks, não precisa de um Versace. Mas talvez precise de um tomate.

Para todos vocês, Leitores Amigos desse blog, o sincero e forte desejo de um 2005 verdadeiro, feliz, autêntico, um 2005 para nos sentirmos bem na própria pele.

Auguri!!!
Mais informações sobre 'A Vendeta' aqui. Escreva 'vendeta' como palavra de busca - a página da resenha do livro é unlinkable.