Sunday, April 24, 2005

Adultescendo, ainda

Aos dezenove constatei que não podia mais adoecer. Enxaqueca, febre, amigdalite, faringite, nefrite, ressaca, tudo coisa do passado. Nada mais de escurinho e cama. Nada mais de analgésicos que dessem sono. O menino pequeno e todas as suas demandas suplantavam qualquer peste. Febre de 39,5º C, lenço amarrado à faroeste, criança no colo, mexendo a panela no fogão.

Aos vinte e nove anos, tudo mudou, menos isso. O tórax expandido, a evolução exponencial do peso e da altura não impediram o garoto de levar seu tussiente (não mais) corpinho até minha cama e tossir todo o seu conteúdo em cima da minha barriga às 4h37min de quarta-feira, 20.04.2005. Banho, mudas de roupa, marca médico às 17h15min, toca a trabalhar de manhãzinha para poder voltar a tempo os 40km de trem até a cidade, mais caminhada de dois quilômetros até a escola, mais um microônibus.

Ele, tudo bem. Um xarope e boa alimentação. A peste veio toda para mim: febrão, garganta fechada, respirar é impossível. Voltamos no microônibus, compro o remédio, alugamos uns filmes, brigo com minha mãe.

E não troco essa capacidade de abarcar, de suportar, por nada. Nada mesmo. Nada paga a alforria do meu nariz.

My name is Ruby Thewes, glad to meet ya.

(But Even the Cowgirls Get the Blues, mistah. Oh weh.)

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