Wednesday, September 28, 2005

O soneto do Amor Incondicional nos *tempus mudernos*

(inspirado na onda U2 dessas moças)

Não é que Vinícius não seja; não tem "Vinícius já era", porque Vinícius sempre é.

Mas para o Mishappenings, o Amor Incondicional versão 21th Century é Wild Honey.

Porque não existe declaração de amor maior do que dizer "eu te amei desde que você era macacq".

Tuesday, September 27, 2005

Guloseimas

Adoro chocolate do mesmo jeito que muito homem metido a garanhão anuncia: "adoro mulé!" Chocolate comigo não tem vez, e claro que sonho com o dia em que um genuído Godiva derreterá sobre minhas papilas gustativas, mas enquanto isso não acontece, Garotos, Nestlés e Lactas são um manjar - e até do nefasto chocolate Pan a gente aqui cogita.

Sem falar no bem gostosinho e baratinho Napolitano, recém-lançado pela Neugebauer. Na verdade, nada mais é do que o famoso Stick (que foi apelidado de Stickadinho, coisa mais triste, e não me peça para linkar um negócio que se chama "Stickadinho", o link vai para o Stick, que é como o doce deveria se chamar até hoje) com um plus de chocolate branco. Eu sei. Herege até o último. Mas é como disse: comigo não tem vez. Não tem. --> Com o aviso de que é FUNDAMENTAL deixá-lo derreter na boca. Não mastigue. Ele precisa derreter ou ficará horrível.

E assim é, com o chocolate e com os humanos: para ser gostoso, é preciso saber a melhor forma de degustar. Acho que a regra geral é que tudo fica melhor se deixar derreter um pouco. Do contrário, fica frio, duro e se perde muito em sabor.

Chocolate Cigarrettes
Por que eu fumo? Ah. Porque agora não fazem mais os cigarrinhos de chocolate...

Headless Chicken

... só pra avisar que está uma correria insana (porém agradável) e que tem várias idéias pré-esboçadas, apenas aguardando uma pausa da insânia para serem devidamente pós-esboçadas para você, Leitor Amigo.

Coming back soon, B. :*

Saturday, September 24, 2005

Début

Nunca é tarde.
Nunca é demais.

Thursday, September 22, 2005

She who's gone

Tinha aquela necessidade premente de seduzir. Não para dominar. Para conquistar, para deter, reter. Possuir, nem que fosse um pequeno pedaço diminuto como grão de areia, um momento, uma lembrança, algo que fosse todo seu. Ia espalhando relicários de si mesma no fundo profundo daqueles a quem tocava. Aprendera a língua dos homens e agora os confundia com sua própria gramática, fazendo negócios como o homem que calculava.

Era toda simples, porém distante. Parecia ao alcance da mão - e de fato estava -, mas era tácito que ninguém a tocaria, nem ao menos tentaria - de alguma forma obscura, parecia ser contra as regras. Zanzava despudoradamente, dizendo absurdos e sorrindo. Lia naqueles espelhos d'alma todos os segredos obscuros da alma masculina, segredos que aprendera a decifrar desde muito pequena, acreditando que daquilo poderia depender sua sobrevivência. Tinha, sobretudo, medo, e guardava todo seu cerne no escuro fundo falso do pequeno armário de madeira mofada. Era o seu sarcófago.

Não se demorava muito em lugar algum. Eles sabiam, já na chegada, porque os ventos pareciam nunca parar de brincar nos cabelos dela, e mesmo parada e mesmo quieta, seu semblante e corpo traduziam sempre movimento: contido, reprimido, mas movimento. Tudo nela se mexia, suspirava e resmungava de pressa, querendo ir mais além, descobrir o que havia adiante. Eles sabiam, sim, desde o começo de tudo, e escolhiam não ver. É inerente à condição humana evitar a dor. E sempre havia a possibilidade de que algo mudasse, de que ela ficasse.

Quinze meses após a chegada, depois de diversas previsões equivocadas, o vento subitamente virou. Ela se foi tão inopinadamente como chegara. Partiu em silêncio levando sorriso doce e triste: ninguém tivera coragem de abrir mais do que uma pequena fresta no sarcófago.

Tuesday, September 20, 2005

Vendetta Gafañot

V for Vendetta, aqui nominado V de Vingança, estrearia em rede nacional no dia 5 de novembro. Para quem não sabe, o dia em que Guy Fawkes explodiu e incendiou (literalmente) o Parlamento Tirânico (ops, Britânico).

V for Vendetta nasceu como uma das multitudinárias, fantásticas e orgasmáticas graphic novels da década de oitenta. Sim, sim, sou oitentista nesse aspecto e meus olhos se encharcam de nostalgia daquele tempo em que mesmo o medo em um punhado de pó me parecia novidade, porque acabara de despertar e tudo o de velho sob o sol estava sendo visto com novos olhos. V foi o resultado de uma parceria entre Allan Moore e David Lloyd, retratando uma Inglaterra totalitarista pós-Segunda Guerra após a hipotética vitória da Alemanha. Há muito da estética da Segunda Guerra ali - em especial quanto à propaganda de Leni Riefenstahl, da mesma forma que há citações explícitas à mão ferrenha da Dama de Ferro e a Orwell - na minha opinião, não apenas 1984, mas ao *conjunto da obra*, como os caras que dão aquele bonecão dourado de chocolate gostam de falar.

Lamento profundamente o adiamento, mas secretamente me congratulo por todo esse revivaldismo, torcendo muito para que seja revival o bastante para que reeditem as graphic novels em papel cuchê e a cores - porque meu V foi garimpado a muito custo e é P&B. (alooou, DC...)

Links Vendetianos para iniciantes: na Set, na Set de novo, no Devir e no Cinema em Cena. Sim, é com Natalie Portman *E* direção dos Wachowski, my favorite Poland dudes. Agora, o que quero meeeesmo ver é Stephen Rea como Lewis Prothero.

A propósito: quem quiser vender seus Sandman e afins, deixe recado nos comments, ou mande imêio. Bazemos negocinho, brimo.

Monday, September 19, 2005

My life as a movie (director's cut)

Roger Corman
Your film will be 45% romantic, 33% comedy, 48% complex plot, and a $ 36 million budget.
An action-complex tale about a complex character that is you. Corman was responsible for Jack Nicholson's film debut in 1963's The Terror. The actor who plays you will emote complexity like Jack ... maybe Christian Slater or Gwyneth Paltrow. Also, Roger filmed the original Little Shop of Horrors film -- which in the 1980s was the basis for a hit Broadway musical and another film. All his films were shot for mere thousands of dollars. Roger knows talent, and knows how to keep costs down with complex stories such as your life story. His versions of Edgar Allen Poe stories are considered classics (The Raven, The Pit and the Pendulum), and also directed Deathsport and Bloody Mama in the 1970s. Oh, yeah, man, this guy will make your film a cult classic!

Dois comentários apenas:

1) COMPLEX CHARACTER = CHAAAATA.

2) CADÊ MEU JACK NICHOLSON, é tudo o que preciso saber!


Descubra quem é o mandachuva do seu plot aqui.

(A pequena loja dos horrores, oh my!! Tinha lido mas não tinha entendido... )

Gafanhotado de Scarlett O'Hara, a mulher do mais lindo vestido sobre a face da terra.

Peek-a-poke

--> Choveu na minha cama, literalmente, no sentido não-bíblico. Liguei para a síndica à meia-noite, sendo que já fui uma. Eu não fui muito gentil. Nem ela. Por conta disso, dormi mal e cometi atos desagradáveis que não lesaram ninguém, somente meu bolso (um pouquinho). Hoje liguei de novo. Pedi desculpas. Fomos mais sociáveis. Nada como um dia depois do outro, não é?

--> E daí no domingo chove e todos estão ocupados, inclusive seu filho, que já é muito mais dele mesmo do que seu. E o que você faz? Arruma as gavetas entulhadas de pequenos lixinhos jurássicos (v.g. extrato bancário de 2002, bisnaga vazia e seca de pomada, etc), bota metade fora, a outra metade dá, e depois vai assistir o último George Romero. Um domingo prolífico.

--> Mensagens no meu celular me fizeram dançar descalça pela casa com as calças escorregando da cintura no melhor estilo funqueira. Quando menos se espera, a ostra cospe uma pérola.

--> Acho que vou fiar os pelos do Pantufinho e fazer lã angorá. A casa está virando um enorme novelão.

--> Você sabe que ficou adulta quando, na volta do trabalho, cansada, com dores nas costas, na cabeça e desconforto generalizado, passa em certo local para comprar guloseimas para... seus pais. Maturidade é tratar seus pais como as crianças que eles são. O que você vai ser quando você crescer.

--> A ciclotimia me cansa. Muito. Mas bem que eu gosto dessa vida montanha-russa dentro da minha cabeça.

(update: o "recuperar post" funciona!!!)

Thursday, September 15, 2005

Alice no reino do espelho

Eu sou feia. Sim. Eu sou. E não diga que não sou. É minha prerrogativa ser verdadeira comigo mesma. Guarde suas opiniões. Não quero opiniões. Quero verdades. As minhas verdades.

Que assombro foi descobrir a menina no espelho. Contávamos apenas uns cinco ou seis anos, eu e ela. Eu julgava que era belíssima. Ela sabia a triste verdade, escondida no escuro fundo dos seus olhos castanhos-sujos. Acreditando-me piamente maravilhosa, fui aos poucos tomada de assombro e depois de puro terror ao realizar que era eu o serzinho sem-graça ali espelhado. Ela sempre soube e me olhava com infinita piedade - que eu não queria, nunca quis, e a odiei por isso - , dando a entender que me amava independentemente da minha assombrosa feiúra.

Como eram sujas as mãozinhas tortas dela. Como era triste seu olhar lacrimoso de menina condenada, o ricto de infelicidade que marcava os cantos de seus lábios sempre puxados para baixo. Ela me assombrava, espreitando não só de espelhos, mas também de janelas, vidros de carros e qualquer outra superfície que fosse suficientemente lisa para sua nefasta imagem se espalhar. Eu não queria acreditar e por isso eu a evitava e dela fugia, jamais ousando mirar nos seus olhos castanhos-sujos na esperança de que assim a Verdade não me visse, não me encontrasse, não me devorasse com seus dentes muito agudos.

É por isso que hoje rilho os dentes. É, sim.

Monday, September 12, 2005

Haldol

Dreams

Thursday, September 08, 2005

Cyber Oráculo

E aí você abre o seu e-mail das novidades da Livraria Revista dos Tribunais e qual é o primeiro livro ali, em destaque, bem grandão?

hem?
hem?
hem?


Divorce

Wednesday, September 07, 2005

o amor que não diz o nome

Tenho um amor inconfessável.

É agridoce viver assim. Como se não existisse, e sentindo aquele cravo fundo na carne.

Tenho um amor inconfessável. Amo de longe, cada vez mais longe. Não sei o que me fariam os braços desse meu amor. Não saberia o que fazer comigo mesma, tampouco.

E tenho a nostalgia de tudo o que não fomos e nunca seremos,
meu amor.

Monday, September 05, 2005

Columbine's Kindergarten

Join us!


Cortesia de CynCity.

Veja o trabalho da Cyn aqui e aqui.

PARTICIPE!

La vie en rose de la dame rouge

(Intermezzo)

Me veio atrasado quando pensei que não mais viria, e teve paciência, e telefonou muitas vezes enquanto esperava na porta do edifício. Entrei no carrão do Batman já colocando a bolsa no colo (leia-se: mantenha distância) e imaginando o que seria desta vez e antecipando o gozo agridoce da decadência que se sabe iminente.

E mais uma vez você me surpreendeu, agindo completamente against all odds. Que caixinha de surpresas, você.

Eu que pensei que seria deprimente, uma despedida à la Bukowski, um simulacro de atuações brilhantes pretéritas, cada um de nós encenando sua parte milimetricamente coreografada, sem nenhum conteúdo, repetindo à exaustão os mesmos gestos, as mesmas cenas, até os suspiros pontuais e as exclamações! todas elas nos seus lugares, pois afinal, noblesse oblige. Não foi.

Por dentre o cipoal de escombros algo em você achou o caminho para a única corda de som plangente que poderia ser ainda tocada depois de tanto, depois de tudo, e executou inexplicável e maravilhosa sinfonia de uma nota só, para uma corda só. Tudo em mim verberou e vibrou a inexplicável e aguda dissonância que julgava perdida e, por um instante, voltei a ser eu mesma.

(Ato II)
.........

Thursday, September 01, 2005

Narcóticos Anônimos

"Escolhia agora só os vermelhos profundos, que são quase frios no âmago.
Trazia vermelho nos cabelos, vermelho nos lábios, vermelho na vestimenta e nos aros dos óculos. Eram vermelhos seus sentimentos, tão profundos que gélios no cerne.
Escrevia em vermelho com canetas de 1,99. Desenhos feitos com retroprojetores vermelho-bombeiro decoravam a vidraça.
Nutria a esperança (vermelha) de que a overdose de rubro a manteria sob controle e, sob controle, estaria a salvo."

Estou envenenada com Hershey's. Não sou um décimo de mim mesma.

Mande sua doação para ajudar na aquisição de uma camisa-de-força vermelha, Dolce & Gabbana. Desde que não seja chocolate Hershey's.

Colabore. A próxima vítima pode ser você.