Thursday, June 29, 2006

Das solicitações enfáticas de cada dia

Porque a moça escarlate está tão aborrecida (com muita razão, embora a desconheça), não pude evitar de pensar que, quando mando alguém se f*der, realmente quero que a pessoa pratique a conjunção carnal. Com ânimo! força! alegria! satisfação!! Quem sabe assim a criatura relaxa, desestressa e se porta de uma forma mais civilizada, humana, cordial para com seus semelhantes.

Até para sermos, mesmo, semelhantes. Não é?

Wednesday, June 28, 2006

Dulzuras

Primeirissimamente, todo o carinho e gratidão aos que vieram, aqui e lá, deixar suas colaborações, cumprimentos, abraços e manifestações de todo o tipo. Não tenho conseguido responder os comentários: respondo, o texto inteiro ali na caixinha, e o blogspot, kaputt!, nada de publicar. Mas um dia vai. Carinhos e sorrisos cintilantes também aos mui queridos de longe e perto, que se fizeram presentes, de uma forma ou de outra.

É um ano que se inicia rico e suave, intenso e delicado. Foram tantas lembranças de gentes tão queridas, de amizades que remontam ao começo das eras e de outras recém descobertas mas não menos valorizadas ou intensas. Telefonemas de amigos da mesma cidade ou de outros continentes, e-mails de pessoas maravilhosas que ainda não tive a sorte de encontrar pessoalmente mas que ainda assim me deixam partilhar um pouco da sua verve e inteligência. Mensagens SMS cheias de afeto, de pessoas amigas e de outras que já nem tinha como acreditar que o eram. Mas são.

São. Vocês todos o são. E é por isso que eu sou mais.

:*

Wednesday, June 14, 2006

The "não-podemos-entregar-pros-home-de-jeito-nenhum" post

Preciso de um secador de cabelo que funcione - porque o meu quebrou e não tinha conserto, botei fora. É, comigo é assim, não funciona, conserta; não tem conserto, FORA.
Um secador de cabelo bem potente, assim, p'ra eu contemplar assombrada quase como a criança que fui olhando um Boeing 747 - eu jurava que, para ter esse nome absolutamente ridículo, o avião devia ter poderes bóinguicos, como aterrisar fazendo 'boing', ou sair quicando pela pista de pouso caso não descessem os trens de aterrisagem. 'Tá vendo, desde pequena racionalizando, desde criancinha procurando uma explicação lógica e objetiva para tudo, não admira as enxaquecas ABSURDAS e a nefasta queda de cabelo: não são só os secadores que pifam, minha gente, ha-haai, hiii-hiiiiii!

Um secador de cabelo e uma escova nojêêinta-nefasta-hedionda, daquelas redondas, para fazer as voltinhas do cabelo voltearem para o lugar certo. Dá trabalho, sabe, um trabalhão. E hairspray, uma lata de hairspray para fixar as voltinhas domadas a muito custo e ficar tottally 60's.

Com tudo isso, se olhar no espelho e pensar que bem, o tempo não pára, não é mesmo, por que eu tenho que parar? E seguir, e sentar, e selecionar, e ler, e anotar, e arrumar, e limpar, e produzir, mas com mais racionalidade, mais lógica. Até me auto-amansar e apascentar e concluir que viver em direção do que realmente quero dá menos trabalho do que domar as voltas devolutas do cabelo.

Eu não entendo minhas entranhas. Seria mais honesto se elas pulassem para fora e atacassem de uma forma que eu pudesse VER.

Seria bem mais fácil também.

De-PrE

How do you stop before it's too late?
You choose and you lose if you hesitate


Yep, é a depressão engolindo tudo como um ralo enooorme que suga água negra.
Provavelmente porque meu aniversário está tão perto. Sempre se faz aquele maldito balanço e,


... ah.

Monday, June 12, 2006

Conta-gotas

--> Jô Soares não entrevista ninguém. Aliás, errado: Jô Soares se vale de um pseudo-entrevistado que ele usa de sparring para poder entrevistar a si mesmo.

Porque recuso-me terminantemente a fazer post de dia de namorados.

--> Antonios of the world, unite: I love you all. All of you.

--> F.L., fez um ano. Eu sinto a sua falta. E ela tem cheiro de couro, como tu. É estranho, mas eu vivia bem sabendo que tu vivias também. Isso bastava. E, como era só isso, o que ficou foi o vazio absoluto. O curioso é o fato de não me arrepender de não ter tido mais contato. Acho que estou ficando esperta. Velha e esperta. Sabe, a tua filha está tão linda, e trabalha tão bem. E hoje cortei os cabelos bem curtos, quer dizer, bem curtos se comparar com o que costumei usar durante muitos e muitos anos. Gosto de pensar que tu ias gostar. Ficou mais chique, e tu eras o epítome do chique cool para mim. Agora, tenho menos medo, talvez por sabedoria, talvez por ter constatado que não há muito a perder. Gosto de pensar que tu ias gostar de saber disso, disso e do fato que consigo sentir saudade e chorar essa perda de um modo que não esperava. O que me dá uma sede de viver que jamais pensei que tivesse. Obrigada. Por tudo.

Friday, June 09, 2006

Somedays

--> Têm feito dias de sol por aqui, sol e calor e brisa num momento em que deveria estar soterrada em lãs e meias fio 40. As coisas definitivamente não são o que deveriam ser.

--> E para onde quer que olhe, não importa onde: só mediocridade, só mediocridade. Triste. Verdadeiro. Mas não imutável. (e que eu não me esqueça, e que eu não me esqueça.)

--> Ela foi fundamental na minha vida. Só por causa dela é que conheço Gregory House. Só por causa dela é que o mundo é mais bonito e menos vazio. Ela é maravilhosa, ela é maravilhosa, vai ser sempre. E era isso.

--> A única resposta disponível no momento é "eu não sei". Quando é que haverá outra resposta disponível?!? Eu não sei.

--> Minha condição de pária social é notadamente peculiar, porque até entre os párias sou pária. The huge walking question mark. Porque a única resposta disponível no momento, você já sabe.

Saturday, June 03, 2006

13h22min, onze anos atrás

Você chegava. Arroxeado, porque entalou no osso da bacia e não ia nem vinha, e lá fomos nós para a cesárea. Que, você sabe, essa aqui não resiste a take a walk on the wild side e queria um delivery tão isento de ciência e seus analgésicos quanto possível, sequer cogitando de um corte para extração. Mas não teve jeito e você acabou vindo assim, de mansinho, quase silenciosamente, olhando tudo com enormes olhos azuis-berilo, azuis-turquesa (que mais tarde se tornariam esverdeados e finalmente castanhos), olhos de cristal acostumados ao escurinho e que ainda nada viam.

Foi desajeitado e encantador nosso começo, eu tirando suas roupas assim que ficamos a sós, porque era outono frio e logo lhe taparam todo. Precisando vê-lo nu e saber todos os detalhes daquele corpo que crescera do meu, um corpo sem marcas e sem história, como folha em branco. Eu não sabia como segurar você para alimentá-lo, ficamos os dois tentando várias coisas, aflitos. Não foi no primeiro dia, nem no segundo, foi em algum momento indefinido que aconteceu, que o seu corpo e o meu se encontraram com quase tanta perfeição quanto no período em que você estava lá dentro. Seus olhos turquesa fitavam extasiados a fonte de alimento e calor, meus olhos escuros advertindo todo o tempo que eu não era tão maravilhosa assim, porque apenas uma pessoa, cheinha de defeitos. Viu, você sabe, você sempre soube, desde o começo, que defeitos existem em tudo e em todos, que defeitos às vezes quase são qualidades e que amar alguém significa amar também seus defeitos - eu diria, *principalmente* seus defeitos.

Você veio vindo e virou meu mundo de ponta-cabeça. Muitíssimo mais ativo do que eu, foram intensas nossas primeiras noites - as noites dos primeiros seis meses -, ambos acordados, eu tentava lhe satisfazer de todas formas e nada era suficiente. Chegar em casa passou a ser obliterantemente bittersweet, aquele corpinho doce, quente, macio, cheio de necessidades e queixas, e essa criatura tão limitada que lhe escreve era com quem escolhera contar. O engraçado é que nunca tive dúvidas e, dentre tantos conselhos diferentes (e absurdos), sempre soube que a resposta viria daquela fusão de instinto com amor que só mesmo você poderia despertar em mim.

Muito tempo passou desde então. Foram várias aventuras, vi o tempo esculpir a sua face e desenhar novos contornos no seu corpo. Às vezes brigamos, você fica brabo, quase sempre com razão. São muitas perguntas, muitas descobertas, e em dias mais cheios (e ser adulta é ter dias cheios) fico completamente atordoada e paradoxalmente feliz com a sua falação ininterrupta, porque conversamos, porque você conta coisas, enquanto eu, na sua idade, não contava absolutamente nada para ninguém. Você me sorri sempre seu sorriso de aparelho, com os olhos puxados do seu pai que acaba de levá-lo para a casa dele. É uma casa feliz, cheia de gente boa e amiga, que nos quer muito bem. E lá vai você, cada vez mais um pouco para longe, sorrindo, de mansinho, de um jeito inesperado que, na hora, quase não dói. Silenciosamente.