Tuesday, November 30, 2004

Reunião Dançante

Um post da Malgardée me fez lembrar de tudo outra vez.

A nem tão pequerrucha que fui, com as sobrancelhas não-pinçadas (uma coisa turkish style), usando perfuminhos baratos do Boticário e batom Cotygirl cor Love Me Do - para quem não lembra, um ciclâmen/magenta que era tudo de bom na época. E as festinhas, so called Reunião Dançante, para gáudio de quem não é daqui e rola de rir com a nomenclatura algo germânica (auto-explicativa e até meio filosofenta).

No começo, tocavam as músicas mais rápidas, e aquele bando de criança já nem tão criança assim se sacudia loucamente, como só as crianças são capazes de se sacudir, em trocentos movimentos por nanosegundo. Como já era todo mundo pré-aborrescente, após o momento sacudido da RD, a peça (podia ser o quarto, a sala, a garagem, mas sempre com todos os móveis arredados, para dar bastante espaço para a movimentação corporal) exsudava cheiro de hormônio novo e suor cristalino em carne tenra. Para pedófilos deve ser o melhor cheiro do mundo, depois do sabonete Johnsons'. E era devidamente fedegosos que nos juntávamos aos parzinhos para rodopiar em câmera lenta ao som estridente de músicas mela-cueca no máximo volume. Uau. El auge.

Já era comprida (mas era magra), mais alta que todos os coleguinhas. Me amoldava neles como uma calça pendurada no cabide, e apertaaaava! achando tudo uma delícia. Molhava os fundilhos das calcinhas de algodão com estampa da turma da mônica e não entendia muito bem, só sabia que era BOM! Os coleguinhas - homens, blah - depois se reuniam em bolinhos boys only e comentavam que eu tinha o que aqui se chama "asa", também conhecido como "cecê". Claro, eles ficavam praticamente embaixo do meu braço depois do momento suadouro, não tinha como não perceber. Cretinos que eram, eles falavam mas dançavam comigo milhaaares de vezes, porque movida por tantos impulsos delícia enroscava neles todos como uma jibóia e eles deviam gostar, deviam ficar com aquele bigulinho mirim todo pimpão, inclusive também por causa do meu fedorzinho hormonal.

Era bom. Poder apertar todos na maior tranqüilidade e depois todo mundo continuava amigo.

--> e se você pretende saber quem eu sou, eu posso lhe dizer: bote uma música mela-cueca para tocar e me tire para dançar.

Sunday, November 28, 2004

Os Imperdíveis

Os Incríveis

Coisas boas da maternidade não se resumem aos sorrisos desdentados e primeiros passinhos. Os Incríveis (The Incredibles), produção da Pixar, é o hype da animação computadorizada. Após estrondosos sucessos com Toy Story, Monsters, Inc. e Finding Nemo - e boa repercussão do A Bug's Life -, a Pixar mostrou que superação é palavra de ordem da pós-modernidade. A texturização trabalhada e o significativamente maior número de frames por segundo mostram que é investindo nos detalhes que se faz mais e melhor.

Mas Os Incríveis não se resume a um exercício de virtuosismo digital. O plot magistral de Brad Bird (direção e roteiro) enfoca a dimensão emocional e afetiva dos personagens. O tom, às vezes bastante caricatural, mantém constante o nível de risadas do público. A dimensão *humana* dos Incríveis vêm a tona, especialmente nas cenas de crise - no emprego, na família, no casamento, na sociedade. O hype da condição humana do herói, lançado por Frank Miller com Batman - Cavaleiro das Trevas (HQ em quatro fascículos lançada no Brasil em 1986), tempera a animação com o extrato daqueles momentos que são marcos da existência, criando imediata identificação da audiência com o trabalho. Compondo a ambientação, a performance de Michael Giacchino no soundtrack será apreciada sobretudo por aqueles que afirmam que a vida deveria ter uma trilha sonora para cada momento.

Num cinema perto de você! Leve sua Criança Interior para assistir.

Elastigirl

--> e oh, que coisa mais manjada, identifiquei-me com a mâmis da família. também pudera, ela tem um enooooorme quadrilátero e coxas tamanho mortadela. e um jeitinho muito Belly de ser. ;)

Saturday, November 27, 2004

Diário da Fat Girl Slim - feat. Drag Queen Lombriga

DRAG-QUEEN

Imagem de Michael Pounder.

"Oláá, Leitores Delícia desse blog! Estamos aqui, diretamente da belly da Gordabelly para relatar os últimos acontecimentos que ar-ra-sa-ram por aqui. Essa desregrada, infeliz, pensava o quê? Que era Gisele Bündchen para comer o que quisesse? Toma na tua cara, imunda! Descobriu que é uma mortalzinha, como qualquer uma de nós. Tá bôua, amêga? Não foi só efeito colateral de medicamento hard core não, gente. Ela tem muita culpa no cartório sim... O bafo! Ah, se vocês estivessem aqui (oh, não queiram, não queiram) iam sentir nessa epiderme tratada com Lancôme o drama desse lugar. Ela não almoça, daí toma café com sanduíche, a louca. Viciada em doce de leite com queijo, coisa de póóóóbre. Abobrinha, rúcula, estragão há horas não se vê por aqui. Só podia acontecer isso mesmo, subir na balancinha e a pobre equipamentozinha gritar "AAAAAAAAAAWWWWAAAAAAAAAAAAAAAAA! 120 tonelaaadas!". Maus hábitos de vida, eu digo. Pensa o quê, mona, que para ter essa pele linda, radiante, é só no creminho? Não mesmo, buñita. Agora fica aí nessa linha alfacinha, quase morrrrrrrrendo de fome para compensar o estrago e nós, povo trabalhador desse lugar infecto, é que paga o preço. Humpfff. É muita desconsideração. (ah, já acabou o tempo? ah. tá bom.) Justine LeRose, especial para o Mishappenings. (ficou bom, gente? o Fabinho acertou a luz dessa vez? ah, que bom, achei que tinha que repetir.)"

Wednesday, November 24, 2004

Horário Eleitoral

As Megeras Magérrimas estão concorrendo ao Prêmio IBest.

Eu nunca soube qual é o prêmio e agora é minha grande chance de descobrir!!!

Colabore com a autora desse blog. Vote nas Megeras e possibilite a aquisição de conhecimento.

Como votar: vá à página das Megeras Magérrimas, basta clicar no nome aí ao lado. Lá tem link para você ir diretamente à página do IBest votar. (elas disponibilizaram banner, mas eu não soube postá-lo).

Colabore! Colabore! As lombrigas drag queen da Gordabelly agradecem.

Monday, November 22, 2004

Momentiño Impulse

Recebi as fotos de um Cusack melhorado pelo e-mail. Dizendo elogios substanciais acerca da minha substanciosa pessoa.

Uau.

Glory days, glory days. They ain't completely gone, mistah!

Friday, November 19, 2004

Tacones (muy) Lejanos

High Heels Heights

Lá vem a pata, pata aqui pata acolá
Lá vem a pata para ver o que que há

A pata pateta calçou o calçado
Com salto alto, caiu no alambrado
Torceu o pé, bateu a canela
A pata é babaca e caiu na esparrela

Após um lindo inverno de sapatos planos com deliciosos solados de borracha, subir na sandália plataforma de ONZE centímetros de salto resultou em: bolhas gêmeas na sola de cada pé, com o plus do mega-mico de desfilar por aí muito empertigada, para não 1) cair e nem 2) parecer (demais) uma pingüinha.

Onze centímetros de salto equivalem aproximadamente ao modelo *experts only* acima, de 5 polegadas e ½. Conforme correção do dearest rmx (que eu acolho, óbvio), o modelo de 11 cm é o *practice needed*, de 4 polegadas e ½, e NÃO o *experts only*. --> Sou muito *pouca prática* para experts only, vamos combinar...
Parece pouco para você? Então vem cá caminhar com eles, vem.

Wednesday, November 17, 2004

Randomicando Trainspottingmente

(monólogo introdutório)

- É. Na maioria das vezes, as pessoas não são como penso que são. Não são como esperava. Não são como gostaria que fossem.
- Eu também quase nunca sou como penso que sou. Não sou como esperava. Não sou como gostaria que eu fosse.

What's the point em nos encherem a cabeça, quando somos jovens e frescos e alegres e ingênuos e esperançosos, com idéias de ter um carro, uma casa, uma família, um emprego bem-sucedido (nota importante: bem sucedido para *eles*, não para você. o que você quer não conta.), uma conta bancária supersaudável, um home theatre, um gato, um cachorro, um canário, férias no exterior, ternos e tailleurs e poder e poder e poder, para daí acenarem com juventude fresca alegre ingênua e esperançosa para todos os lados? Ooooo, agora que você tem tudo que a instrução o esforço o stress o desespero o estudo a renúncia puderam trazer, você não tem cabelo. Você não tem ereção. Você não tem o corpo da Dany Bananinha. Você não tem saúde. Você não tem. Não tem. Não tem.

Você tem dor tristeza desespero cansaço stress insônia úlcera enxaqueca triglicerídios cardiopatia gastrite.

Ah. Bela troca.

(ácida e amarga porque sentada à beira do caminho tentando acabar logo com isso e lembrar que eu existo, eu existo, eu existo, antes que o Patrulheiro me pegue de vez.)

Tuesday, November 16, 2004

Gettin' Elder!! - the mood of right now

One day you're too young
Then you're in your prime
Then you're looking back at the hands of time


Oh yes. You choose. And you lose. Always.
As sure as death and taxes. ;o)

E lá vou eu de mãozinha dada com Joni Mitchell.
Porque fazer escolhas - e aceitá-las, e perdoá-las, e perdoar-se por tê-las feito - é o The Greatest Hype Ever.

Sunday, November 14, 2004

Momentiños de Sabiduría

--> Temo a un solo enemigo que se llama, yo mismo.

--> Todo hombre paga su grandeza con muchas pequeñeces, su victoria con muchas derrotas, su riqueza con múltiples quiebras.

--> Hay quien tiene el deseo de amar, pero no la capacidad de amar.

and the best for last:

--> Si es cierto que en cada amigo hay un enemigo potencial. ¿Por qué no puede ser que cada enemigo oculte un amigo que espera su hora?

Num gentil oferecimento do Signore Giovanni Papini e do Signore Dottore Nino, mi papá.

Saturday, November 13, 2004

I'm getting my Garmonbozia back!

bluebox

Ooo, pessoas.
Não estava preparada para os carinhos e atenção evidenciados nos comentários do post abaixo!
--> you know, once a loner, always a loner

Cam, rmx, Camille, Antaggio, que bom que vieram! O teletransporte de retorno está em fase de finalização. Love et besits.

Angel, querido: claro que *eu* gostaria que *você* soubesse disso aqui. Sorry, baby. :*

Ok, pessoal. Só mais um instantinho, estou quase escapando da Blue Box.

Beijo em todos, comentantes e não-comentantes. Próximas atrações na ordem do dia.

Tuesday, November 09, 2004

Girl, Interrupted

No momento, não podemos atender.
Deixe seu recado que entraremos em contato assim que for possível.
BIIIP.

Friday, November 05, 2004

A garota do adeus

goodbye girl1
Não, não me abandone
Não me desespere
Porque eu não posso ficar sem você


Filmes que vaticinam destinos. Assisti The Goodbye Girl na aurora da minha infância querida que os tempos não trazem mais. Mesmo muito pequena, o impacto subjetivo não se me escapou: em cada take, um crash.

Nascemos todos para ouvir adeuses. Isso é líquido e certo. A sonegação do leite materno. A despedida da mãe no portão da escolinha. Os pais que saem para o trabalho. O coleguinha de mudança para outra cidade e aqueles que apenas trocam de colégio. Os outrora melhores amigos que nos dão as costas. As desilusões amorosas de todos os tipos. Os foras, os pé-na bundas. A indiferença surda do namorado. O silêncio indiferente do companheiro. Os filhos despedindo-se no portão da escolinha. Os filhos e seu desejo de independência. Os filhos partindo para a vida adulta. Os filhos dos filhos repetindo o ciclo. A morte dos pais. A morte dos grandes amigos. A própria morte.

Confesso que sou inepta. Não aprendi a ouvir adeus. Você me olha e quer se despedir sorrindo, mas não consigo, não está em mim. É como morrer um pouco e sem consolo de saudades. Saudades são dores surdas como socos bem colocados, que não deixam marcas mas tiram o fôlego, aquele ardor sufocante subindo garganta acima e nunca há lágrimas suficientes para lavar da alma essas marcas.

O sofrimento vem em diversas gradações. Várias embalagens e sabores, para todo o tipo de paladar. Sim, depois de algum (ou de muito, muito, muitíssimo) tempo, tudo se abranda e a tendência da criatura conservacionista humana é lembrar somente os bons momentos, amaciando, assim, a dor pungente da saudade, naquilo que se convencionou chamar *nostalgia*.

Hoje sou nostálgica de muita coisa e ainda serei de muito mais.
E a tristeza que celebro nesse texto é da despedida do Noronha. Da dor de sabê-lo distante, de não tê-lo no meu cotidiano. Da sua sonegação, do seu abandono, do seu fora, da sua indiferença, da sua partida. Da pequena morte de algo em mim.

Wednesday, November 03, 2004

Silicon Valley Pin-Ups

Jayne Mansfield
Eu só quero é ser feliz
Ser pin-up e popozuda na favela onde eu nasci, é!,
E poder me orgulhar
Viver na ilusão que, com peitão, tenho lugar

A febre do silicone veio vindo, veio vindo. Assim como o impulso irrefreável de lipar, sugar, cortar e suturar. Reformar o corpo, dar-lhe novos (e socialmente aceitos) contornos, oh! suprema maravilha. Mulheres às pencas desfilam pences nem tão bem-arrematadas assim.

Os ansiosos por *reconfiguração de lay-out* atravessam a tênue linha entre a sanidade e a demência quando não se contentam mais em juntar o suado dinheirinho para pagar uma cirurgia plástica de qualidade em suaves prestações e permitem que carniceiros desqualificados enxertem todo o tipo de coisas no seu corpo. O resultado: perdê-lo aos pedaços.

O mote: se não se puder ter *O Corpo*, então é melhor não ter corpo algum.
O aleijão resultante espelha tão-somente a deformidade há muito alojada no (in)consciente coletivo.

A ilustração sobre foto de Jayne Mansfield veio daqui. Amay! Recomendo muito o tour completo.

Saldos e pontas

Respirei, afinal. Fazia tempo.

Partilhar o toillette é o verdadeiro teste de fogo do relacionamento. Oh yes.

Os nós de tensão das pernas (das pernas. isso mesmo. não, não pergunte) desataram-se facinho após inúmeras caminhadas sobre areia fofa.

O Sindicato dos Pescadores de lá foi fundado em 1917. Emblemático isso.

Eu amo o mar. Frio e escuro. Calmo e tépido. Não importa. Eu amo.

Para Mãe: quanto mais o tempo passa, mais indiscreta fica. Está na hora de te comprar um chapéu púrpura.
Para Pai: finalmente aprendeu a ler nas *minhas* entrelinhas, hm? ;D
Para Ambos: gasto os tubos comprando camarões se vocês sorrirem bonito para mim, uma vezinha só que seja.

Antonio, *meu amor / você me dá sorte / na vida*. Senti tanto sua falta, Pequeno Dragão Branco.

Pelú é a rima de pé quebrado que veste como uma luva a sinfonia dissonante da minha vida.

Pescoço está vinhático. Mas lábios estão sorrindo. So, who cares?