Monday, December 26, 2005

Natal, tempo de amor, de confraternizar com a família...

TRF NEGA RECURSO DO IBAMA E MANTéM A MACACA BRIGITE COM A FAMíLIA ZANIOL

Segunda, 26.12.2005 --> A vice-presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, desembargadora federal Maria Lúcia Luz Leiria, negou hoje (26/12) a liminar ao recurso do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e manteve a macaca Brigite com a família Zaniol, de Caxias do Sul (RS). A decisão foi proferida em regime de plantão pela magistrada.

O animal foi recolhido pelo Ibama sob a alegação de que seu dono, Saul Zaniol, não tinha autorização para criá-lo. No dia 14 de dezembro, Zaniol entrou com um mandado de segurança na Justiça Federal de Caxias do Sul e obteve uma liminar obrigando o Ibama a devolver Brigite à família.

O Ibama recorreu ao TRF. O Instituto alega que a macaca estava anêmica e com parasitas, que a posse doméstica é ilegal e que tal decisão serviria de estímulo para o tráfico de animais.

A desembargadora Maria Lúcia após analisar o recurso entendeu que os laudos apresentados pelas partes são divergentes e concluiu que Brigite, que já vive há 19 anos com os Zaniol, deve permanecer no ambiente familiar em que foi criada.

AI 2005.04.01.058115-5/RS

A Exma. Desembargadora Federal (?) teve de decidir isso em regime de plantão. Plantão. Eu disse: PLANTÃO.

Macacos me mordam. Ei, procuradores federais lotados no Ibama! Tem um monte de louça pra lavar lá em casa! Garanto que o resultado será mais positivo do que tentar tirar a macaca da família em pleno natal. Até porque a bicha já está lá há dezenove anos e, vocês sabem, macaca velha não mete a mão em cumbuca. Yep. Não a macaca.

Wednesday, December 14, 2005

Downhill

Foi assim que te amei, com fome. Com o vazio acalentado por anos de espera, adormecido, hibernante. Uma vez desperto, nada mais poderia aplacá-lo e, autofágico, ele nos consumiu.

Dentre todos os que me vieram foi o único que realmente sentira até então, e com isso, e por causa disso, parei de buscar tantas variadas formas de ferir a mim mesma. Agora essa tarefa cabia a ti, pois que senhor do meu corpo e espírito. Diga-me, não é verdade que, ao salvarmos uma vida, essa passa a nos pertencer? Passei a trazer, não sem orgulho, as marcas do teu querer na pele, na carne e dentro, no profundo escuro onde nada se vê. A tez tingida como tatuagem abstrata, mostrando a todos - mas principalmente a mim - que agora eu era tocada, e com ímpeto, e com força, com descontrole, até.

Quando abrandado teu toque, porque já não me era mais necessária a dor, passaste a marcar somente o que não se via, e sempre com júbilo e desmesurada violência. Porque, por ser escuro e profundo, não havia como estimar a extensão das lesões, e isso não te fez cruel - pois cruel nunca foste - mas trouxe, em contrapartida, a equivocada sensação de possibilidade infinita da alegria de ferir. O que faz mais dono do que a faculdade de livre dispor daquele ser submetido, sem qualquer repreensão ou represália? Assim era tua, mas não dócil, pois se era para ser dilacerada, que fosse à minha maneira. Foi como te ensinei que o dominador é, em verdade, dominado pelo exercício do domínio, e é na parte mais frágil da corda que se concentra a sua força.

Chegado o dia em que não havia mais nada a sofrer, nada a sangrar, pois tudo se exaurira numa apatia infinita, soube que estava aprendida a lição e foi assim que de duas portas saíram duas malas e todas as lágrimas de que não me julgava capaz.
E foram anos gris para olhos vermelhos e inchados, e foram dias seguidos de noites seguidos de dias, sem fim. Sim, voltaste, e meus braços estavam abertos. Mas já nada mais era possível, pois a carne e a alma já não se comoviam com o açoite. E assim soubemos que nós já não existíamos mais, e a consciência do aniquilamento levou-nos, a mim e a ti, para sempre.

Durante esse tempo todo, não encontrei restos da mulher destroçada. Aliás, não os queria, fosse para o que fosse: que os animais selvagens a devorassem, que a terra a comesse, pois não celebraria seus últimos ritos. Estavam ali somente seus planos, seus traços, e um a um comecei a seguí-los, para descartá-los, para desenvolvê-los, para armazená-los. Era estranho construir, do nada, aquilo que fora assombroso e equivocado. Foi penoso e parecia não ter fim. Na verdade, não tem. Nunca terá.

Elton, que bom que foste embora.

Tuesday, December 13, 2005

And the winner is...

Porque sou politicamente incorreta, e nunca me desceu essa de "the Oscar goes to". Ora, "the Oscar goes to". Pode ser um prêmio da indústria, e por isso, um prêmio para quem vende, para quem faz bilheteria, e para quem agrada o Priorado de Sião. É claro "the Oscar does NOT go to" Scorsese, assim como does NOT go to David Lynch. Com todo o respeito, não sei que heresia é a maior.

E como sou herética e politicamente incorreta e não tenho subsídio para fundamentar toda essa bile, sugiro ao Leitor Amigo que vá ao Oscar Blog, a melhor e mais completa cobertura da internet. E julgue por si mesmo se há alguma razão no que digo.

Agora, que a festa é uma festa, isso é. É uma festa. And *me luuvs* festas. Yey!

Friday, December 09, 2005

Multiétnico, sincrético e bicha

ALVÍSSARAS, Leitor Amigo!

Este é um blogue sem nenhum tipo de preconceito de etnia, credo, psicopatia e opção sexual. Inclusive a não-opção, a falta de opção e a simples preguiça de optar, meu rei, aqui são bem-vindas e não meramente toleradas: são acolhidas.

É o que prova o Site Meter, ao demonstrar que além do sexo das girafas, o Mishappenings marca presença também em pesquisas sobre a força legionária francesa, isso para não falar na fruta para orixá. (!!)

Isso mesmo: estude a luta pela hegemonia de um país que não é o seu e depois dê de comer para o santo.

Mishappenings: multiétnico, sincrético e bicha. (palavras usadas em outro contexto pelo queridíssimo Fudilso, que agora passa a integrar o seleto hall dos hômi casado, para infelicidade e desgraça dessa que vos escreve.)

Tuesday, December 06, 2005

E=mc(2)

O tempo não ajuda a quem sente, a quem quer. São eternas as esperas de quem anseia por pousar os olhos naquele que tomou as rédeas de toda a razoabilidade, cavalgando insensato a montaria alada e deixando vazia a mente e bobo o sorriso pendurado na face. O tempo brinca conosco como criança pequena catando conchas na praia e jogando-as ao mar: voam as horas que passamos em braços quentes, sorvendo cheiros secretos, afogados nos olhos alheios e ansiando que a salvação nunca chegue; rastejam as horas, como répteis vis, quando ao alcance da mão somente o asséptico teclado, quando sob a mira dos olhos apenas dados e resultados, e nada pulsa sob o tátil suave das palmas saudosas, e nenhum recôndito há para em se submergir.

O tempo ondula e, por vezes, no seu continuum, quase a si mesmo toca. Tem a natureza da borracha, a textura esburacada da tela mal-tecida, a sinuosidade da enguia e uma agilidade de ventos leves que causam oscilações incorrigíveis. O tempo é velhaco e mimado: debocha dos amantes, gargalha dos velhos, ilude as crianças, confunde os adultos. É o tempo a verdadeira esfinge, pois te tira o que tens, forçando-te a aceitar, em troca, o que não pediste nem nunca quiseste. E não há opção e não há, sequer, uma pergunta a ser respondida: o tempo simplesmente é, simplesmente corre sinuoso e escorregadio e carrega, no seu encalço fluido, tudo o que há pela frente.

O tempo muito traz e muito tira, com o ímpeto de furiosa maré que lhe é característico. O tempo sorri malévolo, com olhos brilhantes de criança de seis mil anos, engendrando novas velhas formas de arrebatar os sentimentos dos humanos e com eles espancá-los. O tempo é amargo, como remédio; rigoroso, como o mais exigente professor.

Não há como domar o tempo.

Mas há vezes em que o cheiro da tua pele sob minhas unhas e as lembranças pavlovianas das tuas mãos sobre minha carne e o sabor suave e salgado da tua boca tão próxima que dentro até e o peso e densidade do teu corpo, todos tanto ao mesmo tempo, que não há mais agora, há apenas tu.
E no lapso de duração desse átimo, paradoxalmente, o tempo não tem qualquer domínio.

80's

Some people call it one night stand
But we can call it paradise

Friday, December 02, 2005

No quarter

"You are a risk-taker and need to be aware of your limits.
You are confident and need to make.
You may think you'll always be a player, but you'll settle down... eventually."

HA!

Find out.

Tragédia e Farsa

Diz a lenda que a história se repete. De repente, a chance de testar o ditado. Em idos de 2002, quando as bússolas deixaram de apontar o norte porque meu mundo tinha simplesmente 'seguido adiante', encontros inesperados de todos os tipos com pessoas e situações já conhecidas porém nunca desbravadas. O resultado: um vazio absoluto proporcional ao joie de vivre inicial.

Três anos depois, novamente o calor e novamente os encontros - agora muito mais leves, uma versão light-low-fat-low-carb - e um cipoal de situações reloaded. Mais leves e tranqüilos talvez para que a pessoa não tenha crises de pânico depois de anos e anos de bússola louca, ou simplesmente porque já pagou adiantado, com juros shylockianos, todas as faturas presentes, passadas e futuras do Credikarma.

Whatever, as coisas aqui em Patópolis andam muito mais para Much Ado About Nothing do que para Otello. Não estranhe o silêncio, a ausência. Não é intencional, tampouco é permanente. É só que, nesse exato instante, estou terrivelmente ocupada vivendo minha very own private Idaho.