Monday, July 31, 2006

Is it over? Or is it driving me insane?

This blog is over.

Wednesday, July 26, 2006

My private Neruda

A moça aqui me fez lembrar. O meu - e só meu - é o Soneto XX.


Minha feia, és uma castanha despenteada,
minha bela, és formosa como o vento,
minha feia, de tua boca se podem fazer duas,
minha bela, são teus beijos como frescas melancias.

Minha feia, onde estão escondidos teus seios?
São mínimos como dois vasos de trigo.
Me agradaria ver-te duas luas no peito:
as gigantescas torres de tua soberania.

Minha feia, o mar não tem tuas unhas em sua tenda,
minha bela, flor a flor, estrela por estrela,
onda por onda, mensurei teu corpo:

minha feia, te amo por tua cintura de ouro,
minha bela, te amo por uma ruga em tua fronte

amor, te amo por clara e por escura

Porque sou castanha e despenteada, com seios mínimos como dois vasos de trigo mas dona de uma cintura de ouro. E de uma única ruga na fronte, desde sempre.

Porque preciso ser amada imensamente pela minha feiúra e escuridão. Imensamente, incomensuravelmente, até ficar clara e bonita. Radiosa.

Tuesday, July 25, 2006

Colunismo social MCMT

Botero
Dona Milena regando a perereca no Leblon

Ó, tá vendo? Gente como a gente, que é notícia (má notícia, do tipo "a gorda sem noção fazendo farofada na praia com o filho Carlinhos-Brown-style") só e somente só por cometer a ousadia de ser gente como a gente. Porque, francamente. Eu não sou muito diferente disso. Você é? A sua irmã-amiga-namorada é? Não, né. Pois é.

Mas o melhor são as captions das fotos: "Ronald decide fazer carinho na mãe durante dia ensolarado".
"Decide" fazer carinho na mãe? Nossa, que menino decidido!!!

(que chatice deve ser não poder ir à praia, à vendinha da esquina, ao posto de gasolina sem um chatorazzi clicando tudo em volta. clic! clic! agh.)

Monday, July 24, 2006

Perdigotos

AHHHH! Deeeeee-liteful!

Que gostoso é chegar ao trabalho após um final de semana - que foi planejado para ser relaxante e tranqüilo e que acabou sendo atribulado e recheado de surpresas desagradáveis - e encontrar uma criatura totalmente furiosa e sem noção berrando e expelindo perdigotos na mesma velocidade sônica em que expele impropérios relativos a sua pessoa, em altos brados, para todas as (muitas) pessoas que pacientemente esperam que o incauto termine de destilar sua peçonha para serem, finalmente, atendidas. E ter de ouvir quietinha, sabendo que não é verdade, da sua burrice estratosférica e absoluta incapacidade de fazer qualquer coisa e da sua (sua??) prepotência e arrogância. Claro.

A imagem mental dos perdigotos sendo expelidos e fazendo fumegar o vidro da *repartiçã*, no melhor estilo O Oitavo Passageiro foi o que me permitiu manter uma tranqüilidade digna de um lama. Só a dissociação salva.

O melhor foi, depois de tudo isso, o cara perguntando *para mim* com quem ele devia falar para resolver o problema gerado pela minha (minha??) paquidérmica e mesopotâmica oligofrenia. Siiim, para a burra estratosférica e absolutamente incapaz, Silvio! Ha-haiiiii!

Tem gente que é uma piada pronta. De mau gosto. Indeed.

Thursday, July 20, 2006

Emotional rescue

--> Veio visitar e me buscou num lugar novo, fazendo comigo o extenso caminho de volta para casa. Parou ali naquele ponto específico para uma pergunta trivial. Agora, não consigo evitar de vazar lágrimas, mesmo poucas, quando passo por ali. Todos os dias. Não porque queira que volte, não é isso. É pela lembrança do abandono e do tanto de mim que foi jogado à deriva.

--> Fácil dizer que botou o filho no mundo para ser livre e traçar os próprios caminhos. Difícil é deixá-lo ir, ele com um sorrisão pregado na cara, e não querer se atirar embaixo da primeira jamanta que passar.

--> Não deixo nunca de amar as pessoas. Nunca. Porém, quando elas me sufocam ou machucam demais, opto por amá-las de longe. Nem todo mundo entende. Nem eu, que preferia não amar mais essa gente que me pisa e incomoda mas não consigo.

--> Sim, sei que o melhor da viagem não é a partida ou a chegada, é a própria viagem, e que a satisfação dos nossos desejos gera mais e mais insatisfação. Então por que ainda me surpreendo?!

--> Concluo que estou velha, porque terrivelmente cansada. Os últimos dez anos foram exaustivos, será que isso excusa um pouco?

--> Férias já não dão conta, preciso mesmo é de um ano sabático. (Talvez dois.)

--> OK, prometo tentar com todas as minhas forças e empenhar uma disciplina absurda e nunca vista (ao menos por mim), embora saiba que isso vai me deixar profunda e terrivelmente deprimida.

--> Fico rangendo os dentes ao dormir porque não posso mandar as pessoas para o diabo que as carregue tanto quanto gostaria. Quem sabe uma atividade física intensíssima, né? Mas hoje só amanhã, que essa semana já está toda comprometida e a próxima, muitíssimo mais. Aguarde o 31 de julho, Bandini.

Monday, July 17, 2006

!!!!!!!!!!!!

Mme. Mean

Wednesday, July 12, 2006

O amigo portátil

A drosófila Tsé me inoculou. Não quero mais luz do sol, embora adore, seja quentinho e tenha um brilho incomparável: quero o poço sem fundo da minha cama e o caminho sem volta daquele livro. Porque, quase tão bom quanto os teus braços é o mundo que se constrói na minha cabeça lendo a prosa rica de mentes talentosas. Durmo um pouco, nas partes melhores, para prolongar a delícia do capítulo lido; depois, acordo e sigo feliz de reencontrar a história que me abraça como um amante antigo para quem o tempo não passa.

O livro é um amigo portátil e não há nada de original em dizer isso. Mas assim como a boa amizade se aproveita melhor em viagens, mesas de bar, balanços de rede ou salas de cinema, o livro é melhor aproveitado quando degustado nas condições ideais de temperatura e pressão. Por isso que reluto em sair da cama tanto quanto corro para ela mal finda o dia: para esse amigo, assim como para o amor, ainda não inventaram nada melhor que aninhar bem fofo e confortável num lugar seguro e todo seu. E se entregar por completo, sem medo: ele lhe dará inimaginavelmente mais em troca.

Poucos sabem a maravilha é ler acompanhado de quem se ama. Consegue ser melhor do que cinema e é o menáge a trois perfeito. E, nesses tempos de p*taria barata e desenfreada, muitíssimo mais transgressor do que o clássico. Believe me.